Uma loira passava à frente da construção. Valdir, o pedreiro, estava apaixonado. Ele parou o seu trabalho para observar a mulher que passava pela calçada. Aos seus olhos, ela era perfeita.
Ela tinha a altura ideal para que, quando os dois beijassem-se, ela ficaria na ponta dos pés, enquanto ele estaria levemente curvado a caminho de seus lábios. Ela tinha o corpo ideal para que a carregasse por entre a porta de um h/motel sem dificuldades. Ela tinha o tamanho ideal para que, em um simples abraço, conseguisse protegê-la, mesmo que por um instante, de todos os males do mundo. Valdir, o pedreiro, estava apaixonado.
Valdir tinha poucos segundos para reagir. Ela, nervosa com os comentários sutis dos outros pedreiros, caminhava com passos curtos e ligeiros. Não muito ligeiros, pois, por pior que fossem os comentários, ela gostava dos elogios. Valdir matutava. Batia na cabeça. Tinha a esperança que alguma ideia surgisse, mas nada, nenhuma ideia, nenhuma fala que a fizesse entrar na sua vida. Então Valdir, o pedreiro, sem ideias, exclamou:
— Fiu-fiu!
Não, Valdir não sabia assoviar. Ele literalmente berrou “fiu-fiu”.
Ela não mexeu um músculo. Não enrubesceu em nada as maçãs do rosto. O comentário mais genuíno da construção perdeu-se em um mar de “gostosa!”, “ô, lá em casa”, grunhidos masculinos em geral. Ela atravessou a rua, e Valdir, o pedreiro, nunca mais a veria.
Mas espere, espere leitor.
Uma morena passava à frente da construção. Valdir, o pedreiro, estava apaixonado.
"Ela, nervosa com os comentários sutis dos outros pedreiros, caminhava com passos curtos e ligeiros. Não muito ligeiros, pois, por pior que fossem os comentários, ela gostava dos elogios."
ResponderExcluirHN, adoro análises psicológicas ~~
Babaca se apaixona atoa
ResponderExcluirFinal muito inesperado, me fez rir. Simplesmente genial.
ResponderExcluirdemais!! bem assim se pah ein!!
ResponderExcluir